Em seguimento do post Entender a Memória – Parte 1, hoje é dia de falar sobre o filme Minight in Paris de Woody Allen. E porquê? Porque trabalha a ideia
humana daqueles que consideram que nasceram na época errada e porque ao
explorar uma das facetas do Modernismo, o realizador nunca ignora o passado e
estuda-o de forma a que possamos aprender com ele. Aqui, o Modernismo mostra-se
como um período novo e inovador mas com raízes no antigamente que são mostradas
através da ideia que o passado, sob a forma de memórias, deve sempre estar
presente.
Allan
Stewart Königsberg, mais conhecido por Woody
Allen, é um cineasta notável, cujas obras cinematográficas tratam modelos
comportamentais do ser humano. Em Midnight in Paris, a história recai no
personagem argumentista de Hollywood, Gil Pender, fascinado pela cidade de
Paris, pelos anos 20 e pelos artistas desta época. Trabalha num novo argumento
que consiste na criação de uma loja de nostalgias direcionada para pessoas com
um enorme gosto pelo passado. Porém, a sua noiva Inez e os seus pais são uma
típica família americana que, nesta história, é retratada de forma consumista,
carecida de valores artísticos e intelectuais, ao que não entendem as ideias de
Gil.
Ao ignorar aspetos fúteis
relativos ao casamento, Gil descobre Paris à noite e perde-se na época de que
tanto gosta. É levado para uma festa de Jean Cocteu com Cole Porter em pessoa a
tocar ao piano a emblemática canção que relaciona o seu gosto por Paris, Let’s Do It. A partir daí, Gil conhece
muitos nomes sonantes desta época completamente bem representados e com uma
semelhança física impressionante por parte dos atores que os encarnam.
Ao evocar grandes nomes de
génios modernistas, o que acontece nesta obra fílmica é uma autêntica memória
conservada de várias gerações que, claramente, estão distantes entre si.
Enquanto Gil desejava viver nos anos 20, Adriana (personagem que Gil encontra
numa das viagens à sua época) preferia ter vivido na Belle Époque. Quando
os dois conseguem viajar até à Belle Époque, para alegria de Adriana, encontram
Henri Toulouse-Lautrec, Paul Gauguin e Edgar Degas que defendem que a melhor
época para se ter vivido consistia na do Renascimento. Concluímos que Woody
Allen transmite que o presente de cada personagem é maçador e que se vive na
ilusão de se estar melhor no passado.
Midnight in Paris é então uma
reflexão sobre o passado. Se por um lado, o realizador pretende mostrar o modo
como certas pessoas se sentem deslocadas do seu tempo, por outro mostra que
tudo é relativo, que esse aspeto não passa de “uma imperfeição romântica dos
que tem dificuldade em lidar com os desafios do presente” (ALLEN, 2011). Tudo
se resume então ao plano psicológico, à ideia de que não existe passado, apenas
presente e que é nesse período temporal que temos de lidar com as nossas
limitações e frustrações.
Uma visão bem marcada pela opinião do realizador sobre a nossa posição no espectro temporal. Concordam que o tempo ideal para nós é realmente aquele em que vivemos?
Para quem se inspira nos anos 20 ou Belle Époque para o seu dia-a-dia é uma obra excelente para ver os outfits e make-ups da época.
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ALLEN, Woody. Midnight in Paris, 2011
Para quem se inspira nos anos 20 ou Belle Époque para o seu dia-a-dia é uma obra excelente para ver os outfits e make-ups da época.
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ALLEN, Woody. Midnight in Paris, 2011
adoro esse filme! só o woody para nos trazer algo desta qualidade! quanto à tua pergunta, e falando por mim, apesar de me vestir segundo as regras de algumas décadas passadas, não me vejo a viver nessas épocas (embora hajam coisas actuais que eu meta de parte - como alguma da tecnologia inútil que inventam). mas gosto muito de viver o agora, sem esquecer o passado. no fundo gosto de combinar o ontem e o hoje! x
ResponderEliminarExato, viver nessas épocas não devia ser fácil. Acho que, atualmente, temos mais vantagens a esse nível (principalmente as mulheres). E é mesmo verdade o facto de haver, cada vez mais, tecnologia inútil :\ Também sou da mesma opinião, acho que o engraçado é mesmo podermos balancear o passado e o presente :)
EliminarNarcissa, quando assisti esse filme eu amei. Ele me respondeu uma pergunta que fazia a mim há muitos anos, mas não conseguia achar resposta. Ele representa bem o momento em que vivemos com essa volta pelo gosto vintage e retro.
ResponderEliminarConsidero uma das grandes obras de Allen :)Sim, retrata bem aquelas pessoas que se sentem deslocadas do seu tempo.
Eliminaroi! primeira visita que faço a seu blog e já caio de amores pelo seu texto!
ResponderEliminarTambém analisei o 'Midnight' em uma matéria do meu mestrado ao passado que se chamava 'Memória e Identidade'; enfim, amei fazer a matéria, pois sou loucamente apaixonada pelo passado e também fiz um ensaio sobre essa transição entre presente e passado, que , no meu caso é extremamente difícil de ser feita (aqui está o texto: http://applemenina.blogspot.com.br/2012/05/memorias-em-roupas.html)
um grande bjo
Muito obrigada! Adorei o teu texto, também li os livros que constam na tua bibliografia. Confesso que o Bergson é um pouco difícil de perceber, tive de me concentrar muito. Já a problemática dos lugares de Pierre é mais leve.
EliminarFazes uma boa relação entre o passado e as roupas, simplesmente excelente :) E amo quando dizes que "o presente está tão entediante que recorremos ao passado", é mesmo um grande facto!
Obrigada por seguires :)
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i love this film so much!!!
ResponderEliminari also think that past is always the best hehe
i following u already,but accidentally choose the private follow
do you know how to make it public??
It's a really great movie indeed :)
EliminarI dont know, never happened to me. Try to go to the followers options, you might find something there :)
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Eu gostei bastante desse filme..
ResponderEliminaragoratopronta.blogspot.com.br
Vanessa